quarta-feira, 14 de maio de 2008

Embaixada dos EUA Organiza Divisão da Bolívia

Direita boliviana conspira contra o governo de Evo Morales

A embaixada dos EUA organiza a divisão da Bolívia

Manuel Raposo - Terça-feira, 6 Maio, 2008

As forças da direita boliviana– empresários, banqueiros e grandes proprietários – movem contra o regime do presidente Evo Morales uma acção subversiva que procura travar o processo de nacionalizações e de reformas populares. Esta oligarquia, com o apoio dos EUA, reclama a autonomia em quatro das nove províncias (departamentos) do país, não por acaso as mais ricas. No departamento de Santa Cruz realizou-se no dia 4 de Maio um referendo, inconstitucional, para ratificar a autonomia, antes aprovada na assembleia do departamento. Mais três departamentos, Tarija, Beni e Pando, pretendem fazer o mesmo em Junho.Esta iniciativa procura antecipar-se ao referendo nacional sobre a nova constituição do país. A oligarquia boliviana procura assim ganhar localmente o que não consegue obter em escrutínio nacional, dado o forte apoio da população mais pobre à política de Evo Morales.O objectivo dos autonomistas é retirar poderes ao governo central, nomeadamente criando nos departamentos estruturas de polícia próprias e arrecadando largas parcelas das taxas aplicadas ao petróleo e gás natural com as quais Morales tem financiado projectos de apoio às populações pobres. Os autonomistas colocam assim em causa a repartição dos rendimentos nacionais de acordo com as necessidades das diversas regiões do país, cujos recursos são desiguais. Os grandes proprietários, que detiveram o poder durante 185 anos, desde a independência do país, nunca se preocuparam com a autonomia como agora. As razões estão na subida ao poder de um presidente indígena largamente apoiado pelos pobres. E à medida que as decisões do governo central lhes vão sendo desfavoráveis – em 1 de Maio Morales decretou a nacionalização da Empresa Nacional de Telecomunicações e anunciou a compra à Repsol de 51% da companhia petrolífera Andina – vai crescendo a conspiração.Evo Morales apontou explicitamente o envolvimento da embaixada dos EUA, acusando-a de estar a organizar o processo de divisão da Bolívia. É esta mesma conspiração que um vasto grupo de personalidades e activistas de várias nacionalidades – entre as quais Adolfo Pérez Esquivel (Argentina); Rigoberta Menchú (Guatemala); Noam Chomsky (EUA); Oscar Niemeyer (Brasil); Eduardo Galeano (Uruguai); Ignacio Ramonet (Espanha/França); Elena Poniatowska (México); Frei Betto (Brasil); Ernesto Cardenal (Nicarágua); Ramsey Clark (EUA)
– denuncia num abaixo assinado que circula na internet

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