quarta-feira, 23 de julho de 2008

Alimentar o Cérebro

PATRÍCIA JESUS

Estudo. Um professor de Neurocirurgia da Universidade da Califórnia analisou mais de 160 estudos sobre como o que comemos afecta o nosso cérebro e concluiu que há alimentos que funcionam como remédios: melhoram o desempenho e ajudam a conservar a memória
O que comemos influencia o desempenho do nosso cérebro. A conclusão foi revelada por um professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que passou em revista 160 estudos sobre como os alimentos afectam o cérebro para fazer o mais completo guia sobre a influência da dieta na nossa capacidade cognitiva e memória.

No estudo publicado na edição de Julho da Nature Reviews Neuroscience, Fernando Gomez-Pinilla conclui que alguns alimentos têm efeitos tão importantes que são "como medicamentos". "A dieta, o exercício físico e o sono têm o potencial para alterar a saúde do nosso cérebro. Isso deixa no ar a excitante possibilidade de introduzir mudanças como uma estratégia para melhorar as nossas capacidades cognitivas, proteger o cérebro de danos e contrariar os efeitos do envelhecimento", explica.

Os ómega 3, por exemplo, melhoram a aprendizagem e a memória e ajudam a combater doenças como a depressão, a esquizofrenia e a demência, diz o professor. Estes ácidos gordos, que podem ser encontrados em peixes como o salmão, nas nozes e nos quivis, contribuem para a flexibilidade das ligações sinápticas no nosso cérebro, fundamentais para a aprendizagem.

Outra conclusão do trabalho do norte-americano é que os antioxidantes são essenciais para o cérebro porque este é particularmente sensível aos danos resultantes da oxidação - como consome muita energia gera muitos químicos oxidantes. Além disso, o tecido cerebral contém muito material sujeito à oxidação, sobretudo as membranas gordas das células nervosas. E também há alimentos que ajudam a afastar alguns tipos de depressão: o ácido fólico funciona como estabilizador do humor, por exemplo.

Os efeitos dos alimentos no cérebro são tão profundos que a saúde mental de muitos países pode ser relacionada com a alimentação tradicional, diz o cientista. Por exemplo, a curcumina, presente no açafrão, reduz os problemas de memória nos animais com danos cerebrais. Acontece que o açafrão é um dos principais ingredientes do caril, muito consumido na Índia, onde a incidência de Alzheimer é menor do que no resto do mundo. Coincidência? Muitos cientistas acham que não.

Assim, comer bem é tão importante para a saúde mental como para manter um coração saudável, alerta Gomez-Pinilla. Só não convém comer de mais.

http://dn.sapo.pt/2008/07/22/ciencia/alimentar_o_cerebro.html

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